segunda-feira, 27 de outubro de 2008

“Quem compra luxo não entra em crise”, afirma Gilles Lipovetsky



Gilles Lipovetsky, sociólogo respeitado no mundinho fashion – e fora também! – passou a última semana em Madri onde fez palestra sobre Moda e Luxo na Era Hiper-Moderna, no I Congresso Internacional de Moda.Cansado de falar inglês (Gilles é francês) e com pressa, ele teve tempo de conversar rapidamente – mas com exclusividade – com o Chic.
Duas questões em pauta: a tal crise econômica que não deixa investidores dormirem bem há quase um mês e o tão falado sexo na moda. Confira abaixo o que o autor de Império do Efêmero e Luxo Eterno pensa sobre os assuntos:
A crise econômica mundial vai afetar o mercado de luxo?Assim como na década de 90, o setor não será afetado, já que quem compra luxo não entra em crise. A classe média, que uma vez ou outra compra produtos mais caros, buscará alternativas mais em conta porque não querem deixar de comprar. Já a classe alta vai manter esse desejo sempre. Esse grupo é fiel às marcas e não sofre os efeitos da crise.
Qual é a influência do sexo na moda? O sexo é um novo tipo de luxo? (Nota Chic: o corpo muito à mostra e as peças coladas ao corpo, puseram o sexo em evidência nos desfiles para o verão 09. A Prada, principalmente, dividiu fashionistas. Se de um lado a barriga de fora e os tecidos amassados, que passam uma idéia de “pegação”, foram considerados sexy; do outro, causou desconforto – o Style.com nem colocou a marca italiana no top 10 de melhores desfiles da temporada)
O sexo é algo provocativo. É uma contradição no mundo da moda porque sexo significa brincadeira, ironia, corpo nu - e um corpo nu não pode ser moda. Algo que é sexy está ligado diretamente com a juventude, é criativo, próximo. Enquanto que o sexo se refere a algo que é barato. Os produtos de luxo são clássicos e finos, não têm nada a ver com sexo e também não possuem um apelo sexy. Essas características não são boas para as marcas de luxo. Ao final da entrevista, Gilles contou que é fã do Brasil e todos os anos desembarca por aqui. Durante a palestra, o sociólogo até citou o Brasil: “os produtos de luxo são desejados desde a classe mais alta até as pessoas que vivem nas favelas brasileiras”.


Fonte: Chic - Gloria Kalil

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